Xangô é visitado pelos quinze odus e acaba ficando rico
No principio do mundo, quinze odus reunidos foram procurar os babalaôs para saber o que fazer para melhorar de vida. Foram todos os odus menos Xangô, que era um deles. Xangô não foi avisado por ninguém dessa reunião. Os babalaôs receitaram oferendas eficazes, mas nenhum dos consulentes fez o ebó determinado. Xangô, porém, sabendo que fora menosprezado pelos outros odus e informado da formula prescrita pelo oráculo, correu a preparar sozinho aquele ebó que os adivinhos pediram, arriscando-se muito para realizar a tarefa. Cinco dias depois desse acontecido, os quinze odus foram a casa de Olofim-Olodumare e novamente não avisaram Xangô da visita, porque o consideravam pobre e dele se envergonhavam. Os quinze odus saíram satisfeitos da casa de Olofim. Então, quando já iam embora, Olofim os chamou e a cada um deu uma abóbora. Os quinze odus, para não parecerem indelicados, aceitaram os presentes e se foram. No caminho, sentiram fome e se lembraram de Xangô. Rumaram para sua casa, que era perto de onde estavam. Lá chegando, um deles cumprimentou Xangô, dizendo: “Obará Meji, como vais de saúde? O que tens aí para comer, para mim e para meus companheiros de viagem?”. Todos estavam famintos, pois nada comeram na casa de Olofim. Xangô os recebeu muito cordialmente e os quinze odus foram logo entrando e se servindo. Enquanto eles comiam o que havia na casa, a mulher de Xangô foi ao mercado e trouxe muitos cestos de comida.
Assim, os quinze odus comeram até se fartar e após a refeição deitaram-se em esteiras para a sesta. No fim da tarde, quando foram embora, deixaram as abóboras para Xangô, em agradecimento pela boa recepção. Mais tarde, quando Xangô sentiu fome, sua mulher o repreendeu por sua generosidade extremada. Tudo o que havia de comer fora dado aos odus, que nem sequer o trataram com a camaradagem dos colegas. E por não ter mais o que comer, Xangô abriu as abóboras com a faca e descobriu que dentro havia muitas pedras preciosas. Xangô correu todo alegre e ansioso para mostrar aquelas pedras a um comerciante de jóias que as examinou atentamente e disse tratar-se de brilhantes e outras pedras preciosíssimas, sim.
Xangô foi para casa e abriu cada uma das abóboras e cada uma continha um tesouro inimaginável. Xangô tornou-se muito rico, o mais rico habitante do lugar. Construiu u m palácio e comprou cavalos das melhores raças. Depois de um tempo, os odus voltaram a casa de Olofim. Xangô também se dirigiu a casa do Grande Rei e não foi só. Foi acompanhado de grande comitiva e muita pompa. Olofim, vendo todo aquele alvoroço de lacaios, pajens e acompanhantes, quis saber quem vinha lá com tão majestoso préstito. Era Xangô e Xangô era agora um homem rico,o mais rico. Os quinze odus estavam embasbacados com a ostentação do odu pobre. Olofim perguntou então aos quinze odus o que haviam feito das abóboras e todos se apressaram em responder que as tinham dado a Xangô. Então Olofim disse que dentro de cada abóbora existia uma fortuna que ele pessoal e generosamente destinara para cada um dos seus filhos, os odus, mas que quisera a sorte que tudo fosse somente de Xangô, o odu Obará Meji. Xangô era então mais rico que qualquer um dos quinze odus juntos. Os odus estavam inconsoláveis e pediram que Olofim fizesse justiça. Queriam de volta as abóboras com suas heranças. Para felicidade de Xangô a justiça já tinha sido feita. Foi esse o veredicto final de Olodumare .
Fonte: Mitologia dos Orixás
|