IEMANJÁ SE IRRITA COM A SUJEIRA QUE OS HOMENS LANÇAM NO MAR...

Por: Marcos Oliveira

Logo no principio do mundo, Iemanjá já teve motivos para desgostar da humanidade. Pois desde cedo os homens e as mulheres jogavam no mar tudo o que a eles não servia.

Os seres humanos sujavam suas águas com lixo, com tudo o que não mais prestava, velho ou estragado. Até mesmo cuspiam em Iemanjá, quando não faziam coisa muito pior.

Iemanjá foi queixar-se a Olodumare. Assim não dava para continuar; Iemanjá Sessu vivia suja, sua casa estava sempre cheia de porcaria.
Olodumare ouviu seus reclamos e deu-lhe o dom de devolver a praia tudo o que os humanos jogassem de ruim em suas águas. Desde então as ondas surgiram no mar. As ondas trazem para a terra o que não é do mar.

Iemanjá tem seu poder sobre o mar confirmado por Obatalá.

Um dia, no principio dos tempos, Orixás e homens revoltaram-se contra Iemanjá, pois Iemanjá, sempre que queria, saia das profundeza e invadia a terra com suas aguas. Orixás e homens, unidos, procuravam Olorum, que enviou Obatalá a Terra para averiguar a acusação.

Eleguá, que a tudo escutou, avisou Iemanjá e aconselhou a consultar Ifá. Feito isso, Iemanjá ofereceu um carneiro em sacrifício contra o poder de seus inimigos.

Enquanto Obatalá, em Ifé, escutava os protestos, protestos dos homens dos homens e dos Orixás, Iemanjá invadiu de novo a terra e as aguas inundaram tudo e chegaram até onde estava o grande rei.

Cavalgando as ondas do mar vinha Iemanjá. Vitoriosa e soberba sobre as ondas enfurecidas, ela mostrava a cabeça do carneiro.

Lá estava Obatalá e lá estava Iemanjá e Iemanjá tinha alguma coisa preciosa para Obatalá. Iemanjá fizera o sacrifício e Obatalá aceitou a oferenda. Obatalá confirmou o poder de iemanjá.

Nunca se passa muito tempo sem que o mar invada a terra, Iemanjá cavalgando a temida maré.

 


Texto extraído do livro Mitologia dos Orixás/Reginaldo Prandi